domingo, 8 de fevereiro de 2015

Lua Nova - Paulo Schmidt

"Lua Nova" foi escrito para mim no último período de estudos na Escola Técnica Federal Celso Succkow da Fonseca pelo amigo Paulo Schmidt.
Eu estudava eletrônica e ele, telecomunicações. Ele tocava violão e cantava suas composições na praça da escola, onde ocorriam os encontros durante o "horário da merenda". Eu cantava no coral, e algumas vez, com ele na praça.
Saudades. Nunca mais o vi ou soube dele após o término da escola. Nos víamos apenas na escola, nunca soube onde morava e, na época, poucos tinham telefone em casa.
Hoje, arrumando documentos antigos, eu achei a página meio rasgada nas dobras e aqui reproduzo na íntegra (sem revisão) o texto que guardo com a letra dele, que ganhei de suas mãos quando terminou de escrever, ali, na praça, sobre a perna, num rompante de criatividade.

Lua Nova
Paulo Schmidt

Era noite clara, o céu era meu caminho
Tinha todo um universo, e sentia-me sozinho;
Solitário, como se fora uma única estrela no infinito.

A cada passo um novo pensamento alucinava;
Me enlouquecia, tanto quanto a Lua fascinava.
E meu peito era acordado com sufocado grito.

Na solidão da noite, a qual me cobria como um manto;
Ouvi ao longe, um leve e triste canto;
Como se a própria Lua para mim cantasse.

correi, quase que voando, como um Deus alado,
Não corria eu, e sim meu espirito amargurado,
Em busca de alguma coisa que a angústia aliviasse.

Com surpresa vi, uma menina que cantava,
Tão triste - a melodia - de tão pura,
Que novamente vi o céu, apagou-se em mim o inferno.

E a solidão, nossa desumana companheira;
Foi levada ao vento, como nuvem de poeira.
Sufocou-se a desventura, calou-se então, meu grito.

E fomos, eu e a menina, a caminhar na madrugada
E sem eu o pressentir, e ela sem saber de nada,
Tornamo-nos uma nova Lua no infinito.

Fica aqui minha homenagem a um amigo de escola, da minha adolescência que, se por acaso ler este texto, saberá que suas palavras estão guardadas comigo.
Elianete

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